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Biodiesel: aumento na mistura deve estimular esmagamento de soja, avalia Conab

A expectativa de aumento na mistura de biodiesel no diesel fóssil a partir do segundo trimestre do ano deve estimular o processamento de soja pela indústria brasileira. A avaliação é da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que elevou a estimativa de consumo interno da oleaginosa na safra 2022/2023, de 50,68 milhões para 52,74 milhões de toneladas do grão.

Os números estão no relatório mensal de grãos de janeiro, divulgado na semana passada. Segundo a Conab, a estimativa foi elevada “em razão da continuidade do uso de biodiesel ao diesel em 10% (B10) nos três primeiros meses de 2023, mas com a expectativa que nos meses consecutivos a mistura passe para 15% (B15), antes estimada em 12%.”

No relatório, a Conab fez ajustes nas suas projeções de safra e no quadro de oferta e demanda. Em função de problemas climáticos em regiões produtoras, a produção do grão foi revisada de 153,48 milhões para 152,71 milhões de toneladas.

Governo x Indústria

A mistura de biodiesel foi tema de discussão entre responsáveis pela área no então governo de Jair Bolsonaro e o setor produtivo. A previsão era passar para B14 (14%) em 2022. No entanto, o Ministério da Minas e Energia decidiu manter a mistura em 10%, sob o argumento de conter a alta dos combustíveis e evitar a pressão sobre a inflação.

No final do ano passado, em meio à retração dos preços dos combustíveis estimulada por medidas tributárias do governo federal, o Ministério de Minas e Energia novamente resolveu manter os 10% pelo menos até março deste ano, deixando a decisão para o novo governo. Houve reação negativa do setor e no então gabinete de transição do governo Lula, que chegou a dizer que veria meios de reverter a medida, o que não ocorreu.

Considerando a possibilidade de mistura maior, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) atualizou seus números de oferta e demanda. Reduziu a projeção para a safra de soja 2022/2023, de 153,5 milhões para 152,6 milhões de toneladas, e a previsão de exportações de soja em grão, de 93 milhões para 92 milhões de toneladas em 2023.

Em relação aos derivados, a Abiove manteve as projeções de produção em 40,2 milhões de toneladas de farelo e de 10,7 milhões de toneladas de óleo de soja. Ainda assim, os números são maiores que os de 2022, de 38,6 milhões de toneladas de farelo e 10,2 milhões de toneladas de óleo.

“A expectativa quanto ao processamento do grão segue em 52,5 milhões de toneladas, o maior já registrado em toda a série histórica. Vale mencionar que a Abiove considera a retomada da mistura de biodiesel, 15% (B15), a partir de março, conforme cronograma previsto na legislação”, diz a entidade, em nota.

Fonte
BiodieselBR
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