Mercado acredita que é possível reduzir pela metade as emissões da aviação comercial

Entre os setores mais afetados pela pandemia de coronavírus – com a projeção de 4,8 milhões de demissões no mundo – a aviação comercial tenta encontrar oportunidades nas pressões pela retomada econômica “verde”.
Executivos do setor, organizados em uma coalizão para o desenvolvimento sustentável do transporte aéreo, a ATAG, garantiram, na semana passada, que o comprometimento com a ação climática continuará forte. Eles se reuniram no Fórum Global de Aviação Sustentável, em Genebra, na Suíça.
As estratégias para desenvolvimento sustentável da aviação comercial – e o papel do transporte no suporte à sustentabilidade de outros setores da economia – estão detalhados no relatório Waypoint 2050, lançado pela ATAG.
A meta do setor é reduzir pela metade suas emissões de CO2 em 2050, globalmente, tendo como referência o ano de 2005 – o que resultaria num total de 325 milhões de toneladas de CO2 em 2050.
“2050 não é um destino, mas um marcador no caminho para emissões zero de carbono no transporte aéreo”, diz o relatório. Depois, a ambição é zerar as emissões líquidas em mais uma década.
Em 2009, a indústria firmou um dos primeiros planos climáticos setoriais globais. Desde então, as companhias calculam um investimento de mais de um trilhão de dólares em aeronaves mais eficientes, além de US$ 150 bilhões em pesquisa e desenvolvimento para eficiência.
Resultados: as emissões de CO2 por assento-quilômetro melhoraram 21,5%. Dez novos modelos de aeronaves mais eficientes entraram em serviço; mais de 270 mil voos decolaram com combustível de aviação sustentável; e o primeiro padrão de CO2 do mundo para aeronaves e o primeiro mecanismo de precificação de carbono para um único sistema global do setor foram negociados e adotados internacionalmente pela Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO).
Ainda falta. Apesar de o transporte aéreo não fazer parte do Acordo de Paris, dentro de casa, muitos países estão estabelecendo metas de emissões líquidas zero para 2050.
Nas negociações internacionais, o programa da ICAO para a redução e compensação de emissões (Corsia) procura garantir que aviação cumpra seu papel no esforço global no combate à mudança climática.
“Algumas partes do mundo serão capazes de atingir esse ponto mais cedo e várias empresas individuais já definiram metas nesse sentido”, diz Michael Gill, diretor executivo da ATAG.
Outro desafio é que, ao contrário da maioria dos outros setores em que as soluções tecnológicas estão provadas, a aviação não tem alternativas disponível no mercado, em escala comercial.
“Para conseguir alcançar a meta, será necessária uma transição em nossa fonte de energia de combustível fóssil para combustível de aviação sustentável, a aceleração da pesquisa e desenvolvimento de aeronaves elétricas, híbridas e potencialmente movidas a hidrogênio“, cita Michael Gill.
O que passa por esforços de colaboração entre os países. “Temos a próxima década para definir o cenário para a conectividade global sustentável pelos próximos 30, 40 anos”, conclui Gill.