Mercado aposta em petróleo mais barato, frustrando esperança saudita de recuperação de preços
Reino reduziu produção a partir deste fim de semana, em parte de uma aposta de alto risco revelada no mês passado para diminuir a oferta do produto
O mercado de petróleo enviou um alerta à Arábia Saudita e a todos que apostam que os preços da commodity estão prestes a se recuperar: não conte com isso.
O reino rico em petróleo reduziu sua produção a partir deste fim de semana, em parte de uma aposta de alto risco revelada no mês passado para diminuir a oferta do produto. As autoridades sauditas acreditam que a demanda superará a produção no final deste ano, dando início a uma recuperação que restaurará uma onda de lucros aos produtores. Analistas da Agência Internacional de Energia (AIE) e dos bancos de Wall Street concordam que a demanda pode retornar no segundo semestre de 2023.
O problema é que o mercado de petróleo parece estar em desacordo com eles, já que um importante indicador do mercado sugere que os traders acreditam que a oferta não diminuirá por meses.
O medidor é baseado na diferença entre o preço do petróleo em datas diferentes. Nos últimos dias, os contratos de petróleo Brent que mudarão de mãos em breve caíram para um desconto em comparação com o petróleo que será entregue no futuro. Essa dinâmica, conhecida como contango, é um sinal de que a oferta é mais do que suficiente para atender à demanda.
A implicação é que a Arábia Saudita, o segundo maior produtor global de petróleo bruto atrás dos EUA, pode ter de tomar medidas mais drásticas para aumentar os preços diante da demanda fraca, taxas de juros mais altas e uma inesperada abundância do produto dos EUA, do Irã e da Rússia.
Um porta-voz do ministério de energia saudita não respondeu aos pedidos de comentários do Wall Street Journal.
Na China, a recuperação tem sido mais lenta do que os economistas previam. Pequim apresentou um plano para impulsionar o crescimento, mas os investidores dizem que tem sido algo insuficiente até agora para provocar um grande aumento na demanda por commodities.
Os preços do petróleo Brent caíram 13% no primeiro semestre do ano, para cerca de US$ 75 o barril na sexta-feira, apesar dos cortes anteriores promovidos pela Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), cartel liderado pela Arábia Saudita.