A guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, iniciada pelo presidente Donald Trump, está proporcionando aos exportadores agrícolas brasileiros uma oportunidade de aumentar sua participação no mercado chinês, especialmente no setor de soja. Com a China impondo tarifas adicionais sobre produtos agrícolas americanos, incluindo soja, o Brasil, maior exportador mundial de soja, deve aumentar suas exportações para a China, que busca alternativas livres de tarifas.
Durante o primeiro mandato de Trump, a guerra comercial fez com que os agricultores americanos perdessem parte do mercado chinês para o Brasil, especialmente nas importações de soja. Essa tendência continua, e a China está comprando mais soja do Brasil do que antes da guerra comercial. As novas tarifas impostas pela China devem acelerar ainda mais essa mudança, beneficiando os exportadores brasileiros de soja.
Os preços da soja brasileira já estão em alta, com os prêmios nos portos locais atingindo níveis recordes. Analistas do Santander e do Itaú BBA destacam que a demanda adicional da China pode resultar em exportações mais fortes do Brasil a preços mais elevados. Isso beneficiaria empresas agrícolas brasileiras, mas também poderia reduzir a oferta doméstica, aumentando os custos dos grãos para a alimentação animal e pressionando os preços dos alimentos no Brasil.
Essa situação representa um desafio para o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, cuja popularidade tem sido afetada pelos altos custos dos alimentos. A inflação de alimentos e bebidas subiu cerca de 8% em 2024, e o Banco Central do Brasil está preocupado com o impacto dos preços mais altos da carne nos custos dos alimentos. O governo está buscando maneiras de reduzir os preços dos alimentos, enquanto a demanda chinesa por soja brasileira continua a crescer.
Adaptado Diesel Economics | 07/03/2025