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Repsol mira petróleo do Canadá para compensar Venezuela e México

Outra grande refinaria busca comprar petróleo canadense devido à ameaça de mais sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela e à possibilidade de o México oferecer condições menos favoráveis nos acordos de exportação no próximo ano.

A Repsol está em negociações com tradings e produtores para um contrato de compra de até 2 milhões de barris de petróleo canadense por mês, segundo pessoas a par do assunto, que falaram sob condição de anonimato.

A maior petrolífera da Espanha segue os passos da indiana Reliance Industries, que recentemente assinou um contrato para a compra de petróleo canadense pesado por seis meses.

O motivo é o esperado aumento das sanções dos EUA contra o setor petrolífero da Venezuela. O governo Trump busca fechar uma brecha que permitia as chamadas trocas de petróleo por diesel por motivos humanitários. E as negociações de contratos em andamento com o México podem resultar em menores volumes de exportação no próximo ano.

A empresa espanhola normalmente origina suprimentos de petróleo pesado na América Latina. A Repsol lidera as compras de petróleo mexicano em 2020, e é a terceira maior importadora de petróleo venezuelano.

Suas refinarias europeias respondem por cerca de 25% da capacidade de coque do continente, o que lhes permite processar petróleo mais pesado – geralmente mais barato do que o petróleo mais leve – em combustíveis de alto valor, como gasolina e diesel.

A Repsol está no meio de negociações com a trading da Petróleos Mexicanos para sua alocação de exportação em 2021. Com o contrato atual, a Repsol pode enviar até 6 milhões de barris por mês de petróleo Maya para suas refinarias na Espanha.

É provável que a empresa espere até que as negociações terminem no mês que vem antes de tomar uma decisão sobre as compras de petróleo canadense, disse uma das pessoas.

Mas temores de que sua alocação possa ser cortada surgiram no fim de semana, quando o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador disse que a Repsol “abusou” da privatização do setor energético do país. A empresa espanhola já solicitou ofertas de tradings e produtores canadenses de petróleo para exportar dos portos da Costa do Golfo dos EUA, disseram as fontes.

A Repsol, com sede em Madri, pode enfrentar queda dos volumes contratuais à medida que o México busca desviar mais petróleo para suas refinarias, em uma tentativa de atender à demanda doméstica de combustível e reduzir as despesas de importação. A empresa pode reduzir as vendas no exterior de seu carro-chefe Maya em quase 70% entre 2021 e 2023.

O petróleo da Pemex é um dos principais utilizados nas cinco refinarias da Repsol na Espanha, segundo uma pessoa com conhecimento do assunto. O contrato de fornecimento com a PMI, que em 2010 era de 71 mil barris por dia, quase triplicou na última década para quase 200 mil barris.

Quanto à Venezuela, a Repsol tem usado a troca de petróleo por diesel para obter suprimentos do país, sob pressão das sanções americanas. No acumulado de 2020, conseguiu obter o equivalente a 30 mil barris diários de petróleo venezuelano.

Fonte
Money Times
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