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Petrobras vai ampliar produção de diesel em meio a risco de desabastecimento

Embora esteja vendendo parte de suas refinarias, a Petrobras planeja aumentar os investimentos no segmento para ampliar a oferta de combustíveis no país, em meio ao risco de desabastecimento. Recentemente, a companhia anunciou que vai aplicar US$ 458 milhões (cerca de R$ 2,2 bilhões) na ampliação da Refinaria de Paulínia (Replan), em São Paulo, para elevar a produção de diesel nos próximos anos.

Na lista, está ainda a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, que terá a construção da segunda unidade de produção de diesel mesmo estando à venda.

Elza Kallas, gerente executiva de Refino da Petrobras, disse ao GLOBO que o projeto será realizado “independentemente de o desinvestimento acontecer ou não”.

Não dá para ter ‘só filé’

No entanto, a produção de diesel não vai aumentar imediatamente, explica Elza. O país corre risco de desabastecimento de diesel no segundo semestre, mas a estatal não consegue ampliar a produção só de um determinado combustível.

Para obter um derivado de petróleo, outros são produzidos no mesmo processo e é preciso resolver complexa equação logística e comercial antes de passar a processar mais barris, diz a técnica:

“Você não consegue pegar o boi e ter só filé mignon. Tem que produzir a picanha, a costela etc. Quando você coloca o petróleo na unidade de refino, vai produzir tudo, como GLP e óleo combustível. Tem uma questão de armazenagem, e o mercado não consome tudo o que é produzido. O refino trabalha com a área logística e comercial e busca desengargalar o sistema. Você não consegue produzir uma cesta final de produção com prejuízo. Tem que fazer uma cesta economicamente viável, e é essa conta que às vezes não se entende”.

Segundo Elza, o investimento na Replan, a maior produtora de diesel do Brasil, é o maior num projeto individual desde 2018. Entre os planos da estatal está a ampliação da produção do chamado diesel S10, menos poluente em relação ao S500, que é mais usado no interior e mais poluente.

“Há uma projeção de que até o fim de 2025 no Brasil a gente não tenha mais consumo de S500. É uma evolução. Outras unidades têm projetos em andamento. Na Revap, em São José dos Campos (SP), estamos fazendo modificação tecnológica para, em 2023, conseguir produzir S10. A Reduc, em Duque de Caxias (RJ), também passa por adequação”.
As duas unidades estão recebendo investimentos de US$ 83 milhões (R$ 396 milhões). Além disso, há o investimento para ampliação da produção de diesel na refinaria de Pernambuco, para a qual a Petrobras não achou comprador.

“Na Rnest, estamos planejando, e está em avaliação ainda, partir o segundo trem (unidade) de produção. Com isso, a gente dobra a capacidade dessa refinaria (elevando a capacidade de produção de diesel S-10 em 95 mil barris por dia). A previsão para entrar em construção é depois de 2024. Até lá são várias etapas como as fases conceitual, projeto básico e detalhamento. E aí entra na fase de definição e assinatura de contrato com construção e montagem. É o que tem que ser feito, quanto vai custar e quanto vai trazer de resultado”.

Elza diz que a Petrobras faz uma “busca de agregação de valor” para a unidade, que já tem boa parte construída. “E isso vai ser importante independentemente de o desinvestimento acontecer ou não”, diz

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BiodieselBR
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