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Petrobras anuncia redução do preço do gás de cozinha em 5,6%

Quase um mês após aumentar o gás de cozinha em 16%, a Petrobras anunciou ontem que vai reduzir o preço em 5,6% a partir de hoje nas suas refinarias. A gasolina e o diesel permanecem com preços inalterados.

A queda ocorre dois dias depois que a estatal anunciou o substituto do atual presidente, general Joaquim Silva e Luna, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro por causa dos aumentos dos combustíveis. Em seu quase um ano de gestão, Luna deu menos reajustes no gás de cozinha do que seu antecessor, Roberto Castello Branco.

Em 2020, em pleno auge da pandemia, Castello Branco promoveu 14 reajustes no gás liquefeito de petróleo (GLP), sendo cinco reduções e nove altas. Em 2021, com o início da retomada da economia, foram realizados quatro aumentos, o último às vésperas da sua demissão pelo mesmo motivo que tirou Luna do cargo. Ao assumir em 19 de abril, o general esperou dois meses para dar o primeiro aumento no GLP, em junho. Em julho veio a segunda alta e posteriormente em outubro, último movimento no preço do gás de cozinha até março deste ano.

Esta é a primeira queda do GLP no ano e o segundo reajuste de 2022, seguindo a volatilidade do preço global do petróleo provocada pela guerra na Ucrânia. No dia 11 de março, a Petrobras elevou o GLP em 16%, após 152 dias com o preço congelado. Nas refinarias da empresa, o botijão de 13 quilos do gás de cozinha passa a custar em média R$ 54,94, contra o preço anterior de R$ 58,21.

Em nota, a Petrobras reiterou o compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, “ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato para os preços internos, das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais”.

Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), incluindo impostos e serviços, o botijão de 13 quilos era vendido na semana de 27 de março a 2 de abril ao preço médio de R$ 113,63 no território nacional. Em um ano, o GLP subiu 38,47%.

QUEDA ESPERADA. De acordo com o analista da Ativa Investimentos Ilan Arbetman, a queda já era esperada e mostra que a companhia está mantendo a política de paridade de importação (PPI). O PPI alinha os preços no Brasil ao mercado internacional a partir de uma fórmula que inclui variação do preço do petróleo, câmbio e custos de importação. “A queda veio em linha com a redução do gás lá fora e a valorização do real frente ao dólar. A gente sabia que não ia esperar novamente 57 dias para ajustar, ainda mais que é para baixo.”

O preço do petróleo tem mostrado grande volatilidade por causa da continuidade do conflito no Leste Europeu, mas tem cedido nos últimos dias no mercado internacional com a liberação de reservas da commodity da Agência Internacional de Energia (AIE). Apesar disso, com a oferta ainda apertada em relação à demanda, o preço do barril do tipo Brent tem se mantido em torno dos US$ 100, patamar elevado se comparado há um ano, quando era comercializado perto dos US$ 60.

A expectativa é de que a queda impacte os preços para o consumidor, mas ainda não é possível saber se o repasse será tão ágil como nas altas, quando o reajuste é feito imediatamente pelos distribuidores.

Após o anúncio da Petrobras, a Associação Brasileira de Gás Canalizado (Abegás) divulgou nota em que apela para que a empresa dê o mesmo tratamento ao gás natural, que vem tendo reajustes elevados nos últimos meses.

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FeCombustíveis
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