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Brasil tem potencial para produzir até 9 bilhões de litros de bioquerosene a partir de resíduos

Levantamento da RSB – Roundtable on Sustainable Biomaterials (mesa redonda sobre biomateriais sustentáveis, em tradução livre) identificou no Brasil um potencial para produção de até 9 bilhões de litros de combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês) a partir de resíduos.

O estudo, que será divulgado oficialmente em webinar nesta sexta (23), mapeou cinco tipos de resíduos e o potencial de aplicação em diferentes regiões: bagaço e palha de cana de açúcar, resíduos da indústria de madeira, óleo de cozinha usado, sebo bovino e gases de aciaria (combustível siderúrgico).

Faz parte do projeto Fuelling the Sustainable Bioeconomy, financiado pela Boeing Global Engagement, e busca criar bases técnicas, políticas e econômicas para alavancar o desenvolvimento do setor de aviação no Brasil, África do Sul e Etiópia.

“O Brasil é um país com dimensões continentais e a demanda por combustível de aviação ocorre principalmente mais próxima aos aeroportos de maior porte, na região Sudeste e Sul. No entanto, existem diversos aeródromos no Brasil inteiro que necessitam de biocombustível de aviação. Onde produzir esses biocombustíveis é desafiador por conta da logística. Nossa proposta ao mapear a disponibilidade de resíduos é entender se eles podem ser usados em menor escala para atender esses mercados locais”, explica Carolina Grassi, líder de Novos Negócios na América Latina da RSB.

Em 2019, antes da pandemia de covid-19, a produção de querosene fóssil de aviação no Brasil ficou em pouco mais de 6 bilhões de litros, de acordo com a ANP.

Segundo Carolina, o volume estimado para produção de bioquerosene seria suficiente para abastecer o mercado interno e destinar parte para exportação, onde há uma expectativa de crescimento de demanda com os planos de descarbonização em andamento na Europa, por exemplo.

– O setor de aviação é responsável por cerca de 11% das emissões globais de CO2 do setor de transportes. Isto representa cerca de 1 bilhão de toneladas de CO2 por ano;
– No Brasil, as emissões da aviação somam quase 17 milhões de toneladas de CO2, o equivalente a 4% das emissões totais do país;
– O uso de SAF é apontado como uma alternativa para reduzir as emissões do setor de aviação e contribuir para a mitigação das mudanças climáticas.

Entretanto, é uma indústria que ainda depende de políticas públicas para se estabelecer no Brasil.

A questão está no radar do Ministério de Minas e Energia (MME).

No lançamento do programa Combustível do Futuro, na última terça (20), o governo sinalizou a intenção de criar “condições necessárias” para introdução do bioquerosene de aviação na matriz, integrado com o diesel e a nafta verde.

Algumas iniciativas como a Plataforma de Bioquerosene e Renováveis da Zona da Mata, em Minas Gerais; e o plano da Petrobras para realizar coprocessamento de óleo vegetal em suas refinarias de petróleo tentam dar a largada dessa indústria no Brasil.

No Paraguai, o grupo brasileiro ECB se prepara para começar a produção de biocombustíveis avançados (diesel verde e bioquerosene) em 2024 e já tem contratos de fornecimento com Shell e bp.

Em entrevista à epbr, Carolina Grassi fala sobre o potencial do Brasil para liderar a indústria global de SAF. Embora seja um país com enorme disponibilidade de matérias-primas sustentáveis, ainda será preciso superar gargalos logísticos e de viabilidade econômica.

Fonte
BiodieselBR
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