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Abiove: Indústria quer normalização da mistura e 15% de biodiesel em 2023

A indústria brasileira de óleos vegetais definiu duas pautas prioritárias para serem trabalhadas com o futuro governo, seja a continuidade do atual ou nova gestão. São elas: a retomada do calendário do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) quanto ao porcentual obrigatório de biodiesel no diesel e o estabelecimento de uma meta de substituição do diesel importado por combustível renovável em cinco anos. “No curto prazo, a demanda é a retomada do calendário. No médio prazo, pedimos a definição de estratégia mais ambiciosa para substituir o diesel fóssil”, disse o presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), André Nassar, ao Broadcast Político.

O calendário previsto pelo CNPE estabelece mistura mínima de 14% do biodiesel no diesel, chamado de mandato B14 para este ano. Mas o governo reduziu a porcentagem mínima obrigatória para 10% na tentativa de diminuir o preço do diesel. “Retomando o B14, chegaríamos ao B15 ainda em 2023, conforme o calendário original do CNPE, a fim de alcançar o B20 nos próximos anos”, observou Nassar.

Sobre a estratégia de substituição do diesel fóssil e querosene de aviação no médio prazo por combustível renovável, a Abiove entende que é necessária a construção de uma política com horizonte definido por se tratar de grande volume. “É uma estratégia que vai viabilizar não só o crescimento do biodiesel, mas também vai incluir outras fontes renováveis, como o HVO. A meta é em cinco anos substituir a importação do diesel, que hoje é de 30% do volume total, por combustível renovável”, explicou Nassar. O HVO (óleo vegetal hidrotratado) é conhecido como diesel verde. “É uma estratégia também para aumentar a segurança energética brasileira substituindo diesel importado pelo biodiesel e diesel verde produzidos nacionalmente”, avaliou.

Outro ponto abordado pelo documento diz respeito a alterações nas regras do Renovabio, política nacional de biocombustíveis, quanto à certificação dos grãos usados para produção de biocombustível – etanol de milho e biodiesel – para emissão de Créditos de Descarbonização (CBIOs).

Questionado se a atual conjuntura de mercado abre espaço para o governo discutir uma política como a de substituição do combustível fóssil por renovável e a retomada do governo, Nassar avalia que o Executivo precisa enxergar os benefícios dessa estratégia vis a vis os pontos negativos. “O renovável é um pouco mais caro na porta da usina comparando com o fóssil na porta da refinaria, o que poderia não reduzir o preço em alguns centavos à medida que aumentar a mistura. Não negamos isso. Na maioria das vezes, o óleo vegetal convertido em biodiesel é mais caro que o diesel, mas tem vários benefícios e os principais são a segurança energética e a redução da emissão de gases ligados ao efeito estufa”, argumentou o presidente executivo da Abiove. A entidade calcula que o preço do combustível na bomba tende a aumentar de dois a três centavos por litro conforme cada ponto porcentual adicional da mistura do biodiesel no diesel.

Fonte
BiodieselBR
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