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Distribuidoras alertam risco de desabastecimento devido aos cortes de produção da Petrobras

As distribuidoras estão preocupadas, com uma possível falta de combustível a partir de novembro. As varejistas dizem, que a gigante do petróleo brasileiro Petrobras cortou parte da oferta de gasolina e diesel no próximo mês, aumentando o risco de escassez do insumo. Segundo a associação das distribuidoras Brasilcom, a Petrobras – que tem o monopólio do refino – tomou a decisão unilateralmente.

“A Petrobras tem autossuficiência em petróleo, mas não consegue refinar o suficiente para o consumo interno do país, portanto, as distribuidoras, hoje, tentam comprar da Petrobras, porque está mais barato do que importar e, como ela não tem produto para oferecer, está reduzindo as cotas de vendas futuras para não ficar sem produto às distribuidoras. Com isso, as distribuidoras terão de importar mais caro para não faltar produto e, repassar o custo a revenda, tirando, então, a responsabilidade da Petrobras e do governo deste possível aumento para sanar a defasagem da Petrobras”, disse Brasilcom.

Corte de cotas

“As reduções promovidas pela Petrobras, que em alguns casos atingem mais de 50% do volume solicitado para compra, colocam o país em uma situação potencial de desabastecimento”, alertou a Brasilcom em nota.

A entidade mencionou ainda “a impossibilidade de compensar essas reduções de oferta por meio de contratos de importação, considerando a diferença atual com os preços do mercado internacional, que estão em níveis muito superiores aos do Brasil”.

A associação diz também que já comunicou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a respeito do potencial problema. A BNamericas concordou com cartas de duas distribuidoras endereçadas à Agência, denunciando que os cortes da Petrobras causaram “sérios efeitos”.

A Idaza Distribuidora de Petróleo afirma que sofreu reduções de gasolina e diesel de 35 a 74%, em Araucária, no estado do Paraná; Itajaí, em Santa Catarina; e Guarulhos e Paulínia, em São Paulo.

Já a Royal Fic Distribuidora de Derivados de Petróleo informou que a Petrobras cortou o fornecimento de diesel A S500 em 56,6% no município de Jequié, no estado da Bahia.

Ambos exigiram que a ANP e o Ministério de Minas e Energia (MME) adotassem “ás medidas necessárias para garantir o fornecimento nacional de combustíveis”.

Afirmação é refutada pela estatal

Em nota, a Petrobras informou que suas refinarias “estão operando normalmente e continuam cumprindo integralmente os contratos com as distribuidoras, de acordo com os termos e prazos vigentes”.

Nem a ANP nem a MME responderam aos pedidos de comentário da BNamericas.

Apesar de ser favorável ao programa de desinvestimentos na área de refino da Petrobras, a Brasilcom ressaltou que as autoridades devem estabelecer regras claras para os proprietários de usinas e sistemas logísticos, a fim de evitar desequilíbrios competitivos.

Até agora, a Petrobras assinou contratos para a venda da refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, com a Mubadala Capital e para a unidade Isaac Sabbá (Reman), no estado do Amazonas, com a Atem Distribuidora de Petróleo.

Outras seis usinas devem ser vendidas até 2022, conforme prevê a autoridade antitruste do CADE:Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor), Unidade de Industrialização do Xisto (Six), Alberto Pasqualini (Refap), Gabriel Passos (Regap), Abreu e Lima (Rnest) e Presidente Getúlio Vargas (Repar).

Risco baixo

Marcus D’Élia, sócio da consultoria Leggio Consultoria, disse à BNamericas que o risco de escassez de combustível é baixo. A Brasilcom representa grupos de pequeno e médio porte com participação de mercado limitada.

“Nos contratos da Petrobras existe a possibilidade de que essa empresa não cumpra a ordem completa de uma distribuidora de acordo com o histórico de pedidos nos meses anteriores”, explicou. “Isso ocorre quando as encomendas excedem os volumes históricos e não há planos para aumentar as vendas em um determinado centro.”

Luís Henrique Sanches, da LHS Consultoria e Treinamento e ex-diretor da refinaria de Manguinhos, disse que o consumo de diesel S10 vem aumentando devido à recuperação econômica e à retirada de motores antigos, que utilizava o diesel S500.

“A Petrobras não pode abastecer todo o mercado e vem importando o produto há muito tempo. Grandes distribuidores também importam, mas distribuidores médios e pequenos têm mais dificuldades”, disse o especialista à BNamericas.

“Não acho que haverá uma grande escassez, mas haverá uma substituição de pequenos distribuidores por grandes, caso não possam importar”, acrescentou Sanches.

Fonte
BiodieselBR
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